O que fingimos ser, somos

 

 Falarei hoje nesse texto, que pretendo não me estender muito, sobre uma frase simples, aparentemente obvia, entretanto, não havia me atentado para sua enorme significância.
“Nós somos o que fingimos ser, então, tenha cuidado com o que finge.”
Apenas estas poucas palavras acima me fizeram pensar muito e por um bom tempo, então anotei em meu bloco de lembretes para possíveis reflexões futuras e permaneceu esquecida até o dia de hoje, então, procurando alguma anotação ou assunto para me inspirar e escrever, como de costume, para minha própria reflexão, tanto hoje enquanto escrevo e futuramente caso acidentalmente encontra-lo ao organizar meus arquivos ou se estiver procurando algo em meu acervo não compartilhado, como acontece com certa frequência. Enfim, aconteceu que eu estava ouvindo um programa de rádio, como habitualmente faço enquanto preparo meu desjejum. O entrevistado de hoje, tinha em sua pauta um assunto que está circulando bastante atualmente nas redes sociais como se fosse novidade, segundo o artigo, que ele mesmo revelou se tratar de algo antigo já mencionado por outras pessoas no decorrer da história das teorias. Pois bem, o rumor que circula por aí é de que nós seres humanos somos apenas peças de uma grande simulação e não vivemos uma realidade como percebemos, pensamos e acreditamos, entretanto, sem haver novidade em meu pensamento, pois já partiu de outros indivíduos, que se somos uma simulação ou não, nada muda a não ser o fato de se ter consciência disso, coisa que não é segredo para ninguém ou pelo menos para muitos, que não vivemos com fidelidade nem a nós mesmos, se vivemos em uma Matrix ou não, verdade é que somos sim manipulados e sendo assim, vivemos em uma simulação. Simulamos tudo em nós, pois como a frase acima menciona, apenas fingimos ser o que escolhemos e  dizemos ser.
Fingimos ser filhos, fingimos ser pais, fingimos ser amigos, fingimos gostar, respeitar, amar e por aí vai.
Sabemos que a evolução é um fato, sabemos que a ciência é um fato, a história nem tanto, a religião é crença, cada um escolhe em que acreditar e finge acreditar, fingem amar e perdoar. O que as pessoas fariam umas as outras sem mandamentos e promessas, a moral, a ética e o temor seriam algo de consciência, coisa que não teríamos se não nos fosse imposta a ordem de que o amor é a base, primeiramente ao criador, depois ao seu próximo, sugerindo que ame a si mesmo anteriormente, mas talvez não houvesse cumprimento de nenhum mandamento se não houvesse também uma promessa, uma recompensa e um sentido para tudo isso. Se não fingirmos o amor, não fingirmos ser filhos, fingirmos ser pais, fingirmos devoção e outras funções e situações durante nossa breve passagem por essa pouco provável simulação.  Uma pergunta que não cala em minha mente já há algum tempo, possivelmente depois que me afastei de reuniões, onde as pessoas se encontram para comungar a mesma fé, mas que contrariando o princípio primário, se dividem em grupos de acordo com características similares dos indivíduos, por diversos fatores e critérios. Então, esses grupos que se formam na comunidade (do latim communitas, companheirismo, compartilhado), que deveria ser uma unidade, pétalas se formam por faixa etária, estado civil e status social, também se dividem em grupos culturais, econômicos e até mesmo padrões psicoemocionais.  A pergunta ressoa dentro de mim e se eu fosse sábia (provavelmente só uma tola com iniciativa), continuaria dentro de mim, só para mim, mas nunca é tarde demais para se manifestar, entretanto, nunca é cedo demais para se calar.
Pois bem. Cumpriríamos as leis e tradições morais e sociais, respeitaríamos os mandamentos de comunhão fraternal, honraríamos aos nossos progenitores, amaríamos o nosso semelhante sem esperar nada em troca? Tenho refletido muito nesta vida que escolhi viver e fingir possuir acerca desse assunto, talvez para me safar sem culpas, fingindo não me envolver, fingindo não me importar, simulando um futuro, vivendo remoendo o passado, ainda assim tenho a ousadia de questionar e opinar sobre as absurdas e improváveis simulações de existência de nossa raça e até ousaria indagar que amar o próximo parece ser uma obrigação no intuito de receber a recompensa prometida, pois independente de qualquer discussão, crença ou segmento profissional e cultural, tudo gira em torno da promessa de todo um circulo, um trajeto, uma linha a seguir.
Até os cães, animais que até onde sabemos, são irracionais, fazem o possível para merecer um petisco, o que diremos de nós, animais racionais, não faríamos como os tais melhores amigos do homem?
Poderia me estender e deixar registrado muitos exemplos de como procuramos sempre receber uma recompensa em tudo que fazemos, mas não o farei, pois, como o intuito de tudo na vida é receber recompensa, a minha no momento, posso afirmar com toda certeza que já estou recebendo, pois to sentindo uma enorme satisfação em conseguir colocar pra fora o que me consome, mas a esperança de uma recompensa maior que seria ter o reconhecimento de que meus escritos puderam ajudar ou apenas satisfazer curiosidades, mas para terminar, tudo não passa de esperar, buscar e receber.
Vivo o dia de hoje sem saber se algo diferente acontecerá amanhã, mas por via das dúvidas eu já simulei que será igual ao dia de hoje, se tudo correr perfeitamente como planejado, provavelmente estarei mais uma vez aqui, ouvindo ópera, fingindo entender, escrevendo esse texto, fingindo saber escrever.
Escolhi fingir ser quem sou e viver como vivo foi o que escolhi, por incrível que pareça, acho que finjo bem, pelo menos os outros fingem acreditar que não estou fingindo.  Muitos não têm a sorte que tenho e outros não sabem que a tem, apenas escolhem fingir uma vida que não lhes traz paz e contentamento, escolhem fingir uma vida que agrada aos outros, causa brilho aos olhos dos outros e fadiga em seu próprio coração.
Resumindo, o pensamento é esse:
“Nós somos o que fingimos ser, então, tenha cuidado com o que finge.”
 

 

 

 

 

 


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