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Ecos do meu nome

Este espaço

  Não é sobre aprimoramento pessoal, nem tão pouco estabilidade emocional,  trata-se de reflexões de uma mente em movimento. Um espaço para pensar e sentir, consciente de que a bipolaridade é  um fato, mas não me define. Obriga-me a ser mais forte. É sobre tudo, mas, nada importante. Quase tudo diz respeito a mim e nem sempre faz sentido mesmo que eu tenha sentido. E sentimento é o que não falta. Sentimentos que enchem meus pensamentos desestabilizam minha razão. Sentimentos que saltam pelos dedos, transformam-se em letras como se fossem grãos que se juntam, formando palavras que me alimentam como se fossem pão. Minha fome de escrever e ler o que escrevo aumenta a temperatura do meu corpo, que só refresca quando me expresso juntando as palavras, formando frases, trechos em textos, textos que curam, baixam a febre da minha angustia resultando em reflexões que podem não refletir em nada, composições compostas em momentos devotos, puros e sofridos. Desabafos angustiados ...

Revolta e gratidão

  Sei que esse assunto tem se tornado repetitivo, mas ainda assim sinto a urgência de falar sobre ele sempre que surge a vontade ou a necessidade. Expressar-me a respeito ainda me causa dor, mas, ao mesmo tempo, há um contentamento ao concluir cada texto, frequentemente acompanhada de um alívio. As palavras que saem do meu coração carregadas de angustia, revolta, gratidão e contentamento, embora dolorosas, me trazem certo reconforto. Normalmente, quando perdemos alguém que amamos, seja porque esta pessoa partiu pra sempre, faleceu, ou de outra forma se foi, é comum começarmos a nos questionar sobre o tempo desperdiçado, por não termos aproveitado mais a presença desse ente querido enquanto ele ainda estava entre nós. Isso aconteceu comigo e ainda acontece, sempre que me pego refletindo sobre a perda do meu pai. Culpo-me e arrependo-me repetidamente por não ter valorizado mais o tempo em que ele esteve conosco. Sou profundamente grata por ter tido a sorte de ter um pai como el...

Sem medo

  Não me surpreende mais que coisas simples do meu cotidiano frequentemente me tragam reflexões profundas. Nem sempre registro tais aprendizados e, às vezes, até esqueço. Mas algo aconteceu e não posso simplesmente ignorar. Por isso, estou aqui, nessa tarde chuvosa de um domingo de novembro, com meu coração saltando de alegria por ter a grandiosa oportunidade de participar da criação dos meus netos, dentro da parte que me cabe, sem ultrapassar barreiras que pertencem aos pais. E isso é o que torna a relação entre avós e netos tão especial. Dito isso, posso afirmar que a aprendizagem é mútua, tanto eles aprendem comigo, como eu aprendo com eles. Confesso, com toda sinceridade da minha alma: eles são a melhor parte da minha vida. Tenho refletido bastante sobre um momento que, instantaneamente, reconheci como uma grande lição de vida. Meu netinho caçula adora iogurte e, sempre que vou pegar na geladeira, ele me acompanha para escolher pessoalmente o sabor. Pois bem, nesse dia em espec...

Resiliência bipolar

Graduada em surtos e superações, aprendi em meio a crises existenciais constantes, polos imprevisivelmente alternados e conflitos externos e internos, que tudo vêm e vai, sem jamais permanecer para sempre. Adaptando-me às perdas, me refazendo com o que fica, vivendo um dia de cada vez, escrevendo minha história com canetas de várias cores. Entendo que não sou dona dos próximos capítulos, nem posso garantir que virão. Mas, se vierem a existir, sei que nem tudo dará certo. Ainda sim, terei elasticidade suficiente para me adaptar a cada situação, lugar e pessoa, enquanto encontro e me despeço. Certamente esperança e desanimo, fé e descrença fazem parte dessa construção, desse barro complexo que sou, ora ressecado, ora excessivamente molhado.

Missão

  Até te conhecer não desejava esta missão. Oferecer afeto, Intimidade, afeição. Quando conquistava, deixava ir aos poucos, sem dignidade, sentimento ou confiança. Causando desnecessária dor, sentindo dor, sendo a dor.   Inevitavelmente a roda da vida gira e ora ou outra nos leva à parte mais baixa. Envergonhada, igualei-me aos que atirei do alto. Ao se aproximar desejei ter, cuidar, zelar como jamais quis, e me entregar, amar.  Estar lá, não por paixão ou obrigação, mas por desejo.   Uma necessidade de ser. Um capricho seu, um prazer meu e assim ser, apenas sermos eu e você. Querer encantar-te, sem temores entregar-me, querer ser responsável, não só pelo meu, mas, por nossos sentimentos.  Querer ter e dar o que sempre tive e jamais doei.   Inteiramente ser, completamente me envolver. Tratava-se de uma bela e convincente atuação. Deboche seu, engano meu, convencimento seu, devaneio meu.  Por te conhecer, não espero o...

Apenas continuar

  Ah, se eu tivesse aprendido a viver enquanto só estava existindo. Ah, se eu tivesse aprendido a escolher enquanto só estava me aventurando. Ah, se eu tivesse aprendido seguir em frente enquanto só estava remoendo os traumas. Ah, se eu tivesse aprendido que lamentar o passado é mais doloroso que recomeçar.   Ah, se eu tivesse, se eu soubesse, se eu aprendesse, não teria chegado até aqui com todas as bênçãos, experiências e lembranças que tenho. Ah, se eu não fosse grata, acabaria esse texto me lamentando por tudo que vivi, mas agradeço por ter chegado até aqui.   Só recentemente aprendi que ao contrário do que já mencionei aqui e ali, "quem me abraçou diversas vezes não foi a morte", em vez disso, a vida me acolheu e me deu várias oportunidades para continuar, tentar novamente, sem cobrar ou pedir  garantias, me permitindo por várias vezes apenas continuar.

Eu me sufoco

  Às vezes do nada, sem nenhuma explicação plausível, começo a me questionar e sofrer muito com isto que eu nem chamo mais de diálogos mentais, estão mais para o lado de conflitos covardes.   É justamente isso, covardia que realizo copiosamente contra mim, me agredindo insistentemente apenas para justificar atitudes que reconheço como inválidas e desnecessárias. Da mesma forma me questiono com o fato de estar nesse mundo com uma bagagem que fui fazendo e hoje carrego me desgastando com o peso. Por outro lado tenho sempre me acalentado com o fato de estar “entre aspas”, feliz. Sinto-me feliz por viver como me agrada, mesmo que muitos possam duvidar, minha solitude me deixa muito a vontade e confortável, pelo menos um lado meu concorda com isso. Por outro lado, a pessoa responsável pelos conflitos covardes, que sempre indaga minha vida, julga atitudes e decisões, me afronta sobre tudo. E nesse momento a questão é o fato de eu não ter muitos ou quase nenhum amigo, esse lado, ou s...

Retificando outra vez, como estou

    UMA MULHER DE FASES   Se precisar sou vendedora, mas não faço questão, continuo consumidora, pouco divulgadora, incentivadora sempre, orientadora talvez. Filha, irmã, mãe, amiga e agora avó de três meninos. Exigente, não gosto de Coca-Cola com gelo e limão, mas não dispenso com chocolate ou pamonha e a carne também mudou, pode ser ao ponto, bombons pode ser qualquer um, mas prefiro com mais cacau. Atendente, devedora, credora. Prefiro pagar a ter que cobrar. Pago imposto sim, sou modestamente feliz, procuro deixar o copo é mais cheio do que vazio. Sou parte da casa que cresci, da família que me criou, dos amigos que convivi, das escolas que estudei, das coisas que acredito, do meio que vivo, dos problemas que criei, das questões que resolvi, das crises que superei, das decepções que sofri e das que causei, das doenças que me curei, das que adquiri, dos milagres que presenciei das bênçãos que recebi, eu sou assim, sou também parte de um sistema, de uma cultura, d...

Insistentemente

Digitando e excluindo nesse bloco de notas insistentemente, posicionada  frente a uma tela forçando minhas vistas já embaçadas e gastas por motivos óbvios, testando a tolerância de minha coluna vertebral já com meia vida assim como os olhos. Insistentemente por minutos, ou horas, não estou marcando o tempo, e lamentavelmente nada se desenvolve, mesmo que algumas palavras iniciais fluam. No entanto, não progridem. Como se não houvesse nenhuma memória utilizável em minha massa cinzenta que aparentemente se encontra  vazia e sem vida, nenhuma lembrança boa ou ruim, tampouco planos, sonhos ou esperanças, contudo, continuo aqui insistindo no ofício e exercício como aprendiz de escritora que sou. Como nada floresce em minha mente para que eu registre e sirva de reflexão ou referencia através das experiências vividas, numa possível comparação de períodos entre oscilações de humor, comportamento e quem sabe até mudança de hábitos e ambiente, quando meu eu do futuro surgir remexendo, b...

Tagarela

  Acontece frequentemente e não é novidade pra ninguém que os mais discretos, que falam pouco, por natureza, talvez por timidez, por sensatez ou sabedoria não sejam bem interpretados pelos que falam muito, isto porque é inadmissível ao tagarela o fato de que o outro consiga processar algo sozinho, sofrer sozinho sem envolver outros, sem popularizar seu sofrimento, ou como dizem hoje em dia, uma competição infinita de desgraças. Eu intimamente gostaria de ser da parte que falam pouco e não espalham seus problemas aos quatro ventos, não sou por natureza, mas poderia praticar ainda que não alcance com excelência essa dádiva, mas que diminua pelo menos esse vicio próprio de minha natureza. Ser capaz de vigiar minhas ações, moderando minha língua e consequentemente ser mais sensata, não falar mais que o necessário, não contar meus sonhos, meus projetos, não exibir minhas obras, não demonstrar meus anseio e dores, esconder meus segredos, mas como disse no início desta resenha, ainda falt...

Por mim

           Tudo bem confesso não estar conseguindo me conter em demonstrar minha decepção em não poder escrever sobre isso, como sempre faço, verbalizando sobre sentimentos alheios. Quantas vezes apossei-me descaradamente de situações como esta que se passavam com outras pessoas para serem assuntos de narrativas, textos circunstanciais como se aquela dor fosse de fato minha e que facilmente eram curadas em meio a reflexões e pensamentos renovadores, porém, como disse, aquele sofrimento não era meu, a dor não era minha, portanto, facilmente falava sobre o assunto.         De repente me encontro neste lugar, passando sobre incômodos similares aos utilizados por mim outrora com facilidade e desenvoltura, entretanto, dessa vez sou eu a vítima e me sinto incapaz de falar sobre isso de maneira digna e verdadeira, não que eu não consiga me expressar, mas simplesmente não me permiti ser criativa, formar frases de ajuda ou desabafo em cima de fat...